terça-feira, 7 de julho de 2015

Divertida Mente


Por André Brandalise.

Uma animação para crianças e adultos!

Sinopse: Riley é uma garota divertida de 11 anos de idade, que deve enfrentar mudanças importantes em sua vida quando seus pais decidem deixar a sua cidade natal, no centro dos Estados Unidos, para viver em São Francisco. Dentro do cérebro de Riley, convivem várias emoções diferentes, como a Alegria, o Medo, a Raiva, o Nojinho e a Tristeza. Embora esses grupos sejam normalmente organizados, a chegada de Riley a uma nova escola faz com que todas as emoções se misturem.

A Pixar tem o [bom] hábito de nos trazer belas animações que, assim como a trilogia Toy Story, servem para adultos e crianças. Divertida Mente é um desses casos, em que as crianças, com certeza, irão se apaixonar pelos personagens, dar risadas e chorar com cada um deles, mas os adultos terão ótimas lições para a sua vida e de seus filhos/netos/sobrinhos/afilhados.

As personagens que estão na cabeça de Riley (e dos pais também … quer dizer, de todo mundo) foram muito bem caracterizados, tanto na personalidade específica de cada um, como nas cores e trejeitos. Cada detalhe foi colocado de forma simples e, ao mesmo tempo, brilhante.

Cada um tem na cabeça algo que podemos chamar de “torre de controle”, em que as emoções controlam as reações da pessoa. Em alguns momentos, vemos as diferenças de “mentalidade” da filha, da mãe e do pai, mostrando não só a maturidade, em razão da idade, como a diferença em virtude do sexo (o que também vale para as emoções que habitam na respectiva “torre”).

A beleza do filme está em mostrar o relacionamento das emoções e como tentamos afastar (ou abafar) a tristeza e deixar a alegria tomar conta. Nós, os adultos, no desejo de proteger as crianças, tentamos fazer o mesmo com elas. Esquecemos que a tristeza faz parte do crescimento, amadurecimento e formação da personalidade de cada pessoa e que, muitas vezes, ela é necessária em diversos momentos para se aprender a enfrentar as diversas dificuldades da vida.

O papel dos pais é estar presente, é ajudar a enfrentar os momentos tristes e participar dos alegres. É também ser o ombro amigo, e quando necessário a autoridade que dá os limites. É tudo isso e muito mais, mas sem controlar a criança, como se ela fosse programável igual a uma máquina.

Que maravilhosa lição aos pais, algo que o Papa Francisco já nos falou (audiência geral de 04/02/15):

“Portanto, a primeira necessidade é precisamente esta: que o pai esteja presente na família. Que se encontre próximo da esposa, para compartilhar tudo, alegrias e dores, dificuldades e esperanças. E que esteja perto dos filhos no seu crescimento: quando brincam e quando se aplicam, quando estão descontraídos e quando se sentem angustiados, quando se exprimem e quando permanecem calados, quando ousam e quando têm medo, quando dão um passo errado e quando voltam a encontrar o caminho; pai presente, sempre. Estar presente não significa ser controlador, porque os pai demasiado controladores anulam os filhos e não os deixam crescer. (…)

Um pai bom sabe esperar e perdoar, do profundo do coração. Sem dúvida, também sabe corrigir com firmeza: não se trata de um pai fraco, complacente, sentimental. O pai que sabe corrigir sem aviltar é o mesmo que sabe proteger sem se poupar.”

Ao mesmo tempo é uma outra lição para nós adultos, que esquecemos muitos de nossos momentos na vida, de aprendizados, de coisas que gostamos. Em alguns momentos eu pensei em mim, ainda criança ou adolescente, as mudanças próprias da idade, o enfrentamento das dificuldades, minhas tristezas e alegria, as coisas que tive que deixar pelo caminho e outras que acolhi. Sim, assim como tantos outros filmes da Pixar, meus olhos ficaram marejados … e tenho certeza de que você passará por uma experiência semelhante. Pode não ser a melhor animação da Pixar, mas está facilmente entre as melhores.


Que possamos assistir (de preferência no cinema e até mesmo dublado – ótima dublagem) de coração aberto, vendo a vida com os olhos de cada emoção na “torre de controle”, pensando no crescimento de tantas crianças ao nosso redor e lembrando de nós mesmos.

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