segunda-feira, 2 de março de 2015

Precisamos falar sobre aborto.


Por Ivanaldo Santos

O número 148 da revista Tpm, de novembro de 2014, disponível na internet a partir do dia 13/11/2014, traz, entre outros temas, uma longa reportagem sobre o aborto, cujo título é Precisamos falar aborto. Essa reportagem foi alvo de críticas e debates nas redes sociais do Brasil no início de 2015. Trata-se de uma reportagem com ares científicos, citando médicos e juristas, apresentando o apoio, a causa pró-aborto, de artistas e intelectuais conhecidos nacionalmente. Não se trata de fazer críticas ou denúncias desnecessárias a reportagem da revista Tpm. No entanto, a título de contribuir seriamente com o debate serão apresentados cinco argumentos.

1)                     A matéria da Tpm foge ao padrão convencional dos grupos e do movimento pró-aborto, pois não coloca a culpa nos grupos religiosos, não fica acusando a Igreja Católica e os cristãos. Em certo sentido a matéria coloca um dado que não é aceito pelos grupos pró-aborto, ou seja, que, no Brasil, a maioria esmagadora da população é contra o aborto. Num país democrático, mesmo que uma minoria não goste, a população deve ser ouvida sob os temas que lhe interessam.

2)                     A matéria da Tpm não repete o argumento que diz que um milhão de mulheres morrem no Brasil todo ano vítimas do aborto. A falsidade e falsificação desse argumento foram demonstradas ao longo dos últimos 15 anos de luta contra a legalização do aborto no Brasil. Esse argumento é reconstruído, afirmando-se, entre outras coisas, que a “cada dois dias uma brasileira morre em decorrência de um aborto ilegal”, o que daria, em tese, uma média de 180 mortes de mulheres por ano. Esse é o tipo de argumento que tem a missão de criar um clima de emoção favorável ao debate pró-aborto. Com isso, se ganha a batalha pelas consciências por meio da emoção. E veja que quem é acusado de ser emocional são os grupos religiosos contrários ao aborto. É necessário deixar claro que toda vida humana precisa ser respeitada e valorizada, não importa se uma mulher morre, ela é um ser humano vivo que merece respeito e dignidade. No entanto, esse tipo de argumento possui dois sérios problemas: a) esse tipo de pesquisa trabalha com dados abstratos, muitas vezes vindos de organismos internacionais que defendem o aborto e que, por meio de generalizações, fazem esse tipo de cálculo; b) Uma reivindicação que, ao menos, nos últimos 10 anos os grupos contrários a legalização do aborto tem feito no Brasil é questionar seriamente esse tipo de pesquisa. Quando aparece uma pesquisa desse tipo, pergunta-se, por exemplo: Qual o método foi utilizado? Qual é a amostragem? Por que essas pesquisas não são disponibilizadas gratuitamente na internet?       

3)                     A Matéria afirma que “nem a interdição legal (ou a proibição religiosa) impede essas mulheres de interromper suas gestações [fazer um aborto]”. Aparentemente isso é uma verdade. É preciso ter em mente que a lei que proibi o aborto existe para garantir, num nível mais restrito, a vida do indivíduo e, num nível mais amplo, a vida e a continuidade da humanidade. Seres humanos não nascem em árvores ou brotam do chão. Por isso, não se pode aprovar leis, como a legalização do aborto e do assassinato, que coloquem em perigo imediato a vida do indivíduo e a continuidade da espécie humana. O argumento que diz que a proibição não impede mulher de praticar um aborto é um argumento falso. Segundo essa lógica, em breve deveremos ter movimentos que reivindiquem, por exemplo, a legalização do estupro e do assassinato, pois ambos os crimes, apesar de serem proibidos pela Lei, continuam sendo praticados. Legalizar crimes não resolvem problemas, pelo contrário, mergulham a sociedade em mais problemas. Além disso, como bem observou o ex-presidente do EUA, Ronald Wilson Reagan, só quem defende o aborto é quem já nasceu, o aborto é o único movimento social aonde o verdadeiro interessado (o feto, o bebê ainda no ventre da mãe) não tem qualquer participação e nem se quer é consultado. Sem contar que o aborto é o mais radical método de exclusão social que existe, pois exclui a própria vida, antes mesmo de nascer.
4)                   
Deputado Marcelo Freixo-PSOL diz que
"o debate sobre o aborto carece de um olhar pedagógico.
 
A matéria apresenta a opinião de Marcelo Freixo, deputado estadual no Rio de Janeiro pelo PSOL, que afirma, entre outras coisas, que o “debate [sobre o aborto] carece de um olhar pedagógico”. Isso de fato é verdade, faltam, por parte do poder público, da sociedade civil, dos grupos religiosos e de outras organizações, campanhas de conscientização sobre o valor da vida humana, sobre como a vida deve ser valorizada e respeitada. Fala-se em aborto, mas não se fala em promoção e defesa da vida. É como se a vida nascesse de forma espontânea em cada esquina das cidades. O problema é que a vida é fruto de movimentos amplos e complexos, do qual a gravidez é um desses movimentos. É interessante notar que, diante de tantos problemas sociais, não se veem, com frequência, campanhas, por exemplo, de valorização e respeito a gravidez, a amamentação, de respeito ao recém nascido, de educação no transito e de respeito a ordem pública. Ao invés de ficar se propondo a legalização do aborto, um ato brutal que coloca em perigo a própria existência da espécie humana, deveria se investir, por exemplo, em campanhas de maternidade e paternidade responsável, em combate ao analfabetismo (o analfabetismo cresceu no Brasil nos últimos anos), de combate ao terrorismo, de combate a corrupção e a pobreza. Legalizar o aborto não vai resolver nenhum problema social, pelo contrário agravará os que já existem.  

5)                     Por fim, a matéria da revista Tpm traz uma série de opiniões favoráveis ao aborto dadas por artistas e intelectuais. De alguma forma, são os intelectuais orgânicos, os radicais chiques, os representantes da chamada esquerda caviar que vivem defendendo teses exóticas e, muitas vezes, distantes da vida das pessoas. São teses no estilo legaliza o aborto, uma tese que se praticada, ao pé da letra, colocará a própria espécie humana em risco de extinção. É bonito defender esse tipo de tese, mas no cotidiano, na vida real, a prática desse tipo de tese é bem prejudicial à vida do ser humano. Além disso, é preciso observar duas coisas: a) Existem muitos artistas e intelectuais que defendem teses exóticas, no estilo legalize o aborto, de graça, sem cobrar dinheiro ou algum tipo de recompensa (participar de um filme, lançar um livro, dar entrevistas, etc), são pessoas fiéis a cultura da morte, a algum tipo de ideologia do assassinato que propõe resolver problemas humanos matando indivíduos ou grupos humanos. Nesse caso, como podemos, em tese, condenar, por exemplo, os grupos de extermínio? Se podemos matar nossos próprios filhos, por que, então, os nazistas ou os grupos terroristas estão errados? b) É necessário que a opinião pública, e até mesmo a justiça, fique de olho em certos grupos de artistas e intelectuais. Como é público, o atual governo (liderado pelo Partido dos Trabalhadores – PT) tem uma forte tendência a valorizar e até mesmo a apoiar grupos e ações que promovam a legalização do aborto. Por isso, artistas e intelectuais, que não são tão fiéis as ideologias esquerdistas, podem, por exemplo, dar belas entrevistas defendendo o aborto e, algum tempo depois, ganhar algum tipo de benefício do governo (participar de um filme, lançar um livro, dar entrevistas, etc) e/ou receber, de alguma agência estatal, milhões e milhões em patrocínio. Por incrível que pareça defender o assassinato do feto, por meio do aborto, pode ser muito lucrativo para alguns grupos sociais.

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