sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O destino de Júpiter.


Por André Brandalise.

Sinopse: Jupiter Jones (Mila Kunis) nasceu sob um céu noturno, com sinais de que estava destinada a algo maior. Agora já crescida, Jupiter sonha com as estrelas, mas acorda para a realidade fria do seu trabalho de limpar banheiros e uma interminável luta contra o mau caminho. É somente quando Caine (Channing Tatum), um caçador ex-militar geneticamente modificado, chega à Terra para localizá-la que Jupiter começa a vislumbrar o destino reservado à ela desde o início – sua assinatura genética a marca como a próxima na fila para uma herança extraordinária que poderia alterar o equilíbrio do cosmos.

O filme é dos mesmos criadores de Matrix, e apresenta diversos elementos que podemos identificar em outros filmes. Embora não tenha a mesma pegada filosófica da trilogia “Matrix”, podemos ver alguns conceitos semelhantes. Também podemos identificar influência de “Star Wars” e algumas naves com design próximo ao se viu em “John Carter: Entre dois mundos”.

Isso significa que o filme é um emaranhado de ideias de outros filmes? Não, o filme vai além disso, mas destaquemos três pontos bem relevantes e que merecem a sua atenção.

Muitos têm por hábito rotular as pessoas pelo que fazem, e não pelo que são. Ao mesmo tempo, existem pessoas que rotulam a si mesmos por uma condição específica, como se isso definisse quem elas são. No filme vemos Júpiter que se julga uma perdedora (que odeia a sua vida) pela condição social que tem, sem saber que, na verdade, é muito mais do que a aparência mostra. Seu valor não está no banheiro que limpa ou no quarto que arruma, mas em algo interior que nem ela mesma se dá conta. Esta é uma lição muito importante para todos nós:não importa o que você faz, mas quem você é na verdade – filho (a) de Deus!

Quando reconhecemos e assumimos esta verdade, até mesmo o “limpar um banheiro” pode se tornar algo mais fácil e valorizado, além do que não devemos ser cristãos apenas no nome, mas também no dia a dia. Não basta bater no peito e autoproclamar-se cristão, devemos agir como tal, como já nos exortou o Papa Francisco:


Outro ponto interessante está no sacrifício (vamos tentar explorar a situação sem dar spoiler). Todos nós buscamos conforto e defender os nossos amigos e parentes, mas até que ponto você está disposto a sacrificar a si mesmo e os seus amigos e parentes, pensando na coletividade? Este é um desafio complicado para todos nós, ainda mais levando em conta que podemos sacrificar quem mais amamos em defesa de quem não conhecemos.

E, finalmente, e não menos importante, temos muitos na sociedade que gostam de “sugar” os outros para seu próprio proveito. Pode ser uma relação de emprego, amizade, parentesco, etc., em que alguém serve apenas como objeto útil que será descartado assim que perder a sua utilidade. Existem pessoas que fazem isso sem o menor pudor, achando que é algo necessário para que sejam felizes e para se manterem “por cima da carne seca”. Esta mentalidade utilitarista já foi duramente criticada pelo Papa Bento XVI (homilia de 3 de junho de 2012):

“A mentalidade utilitarista tende a estender-se também às relações interpessoais e familiares, reduzindo-as a precárias convergências de interesses individuais e minando a solidez do tecido social.”

O filme é divertido, agitado, como ótima produção gráfica, mas tem algumas falhas de roteiro (existem situações que acontecem muito rápido) ainda que não estraguem a produção. O que desanima um pouco é a atuação forçada e caricata demais do ator Eddie Redmayne. Mas vale pela ação, romance, atuação de Channing Tatum e Mila Kunis, e o belíssimo visual gráfico.

Atenção 1: eu vi em 3D e digo que é completamente desnecessário, chegando, inclusive, a atrapalhar. Quando temos muitas cenas rápidas e com muitos elementos visuais, o 3D se perde e incomoda especialmente quem já usa óculos e tem que usar o do cinema também. Se puderem evitar, melhor.


Atenção 2: o filme tem indicação de idade para 12 anos, e é importante que isso seja destacado. Têm duas cenas de nudez de costas que, em si, não são agressivas, mas é importante que isso seja destacado para se evitar surpresas desagradáveis. Também, há uma cena em que se sugere um tipo de relação sexual de um homem com várias alienígenas. Apesar de não mostrar “nada demais”, é outro momento em que os mais descuidados poderão se assustar. Apesar dessas considerações é um filme interessante a ser visto.

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