sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Bolsa-família.


Por Paulo Henrique Cremoneze.

O Bolsa-família é uma "sacada de mestre". Do mal, é verdade, mas maquiavelicamente inteligente. Justifico: investir na saúde, por exemplo, demanda tempo, estratégia, muito dinheiro, seriedade e comprometimento. Um bom hospital - bem equipado, com médicos, enfermeiros e atendentes qualificados - é algo coletivo, impessoal, difuso e não é uma garantia de voto para um governo populista. Já o Bolsa-Família é algo sem risco: por cerca de cem reais, o governo literalmente ganha o voto do beneficiado. Trata-se de algo pessoal, concreto, direto. Quem recebe, sente-se bem e não tem e não consegue enxergar que em verdade ele não ganha 100,00, mas perde 1.500,00 em saúde e educação. O dinheiro sangra sem retorno algum para a sociedade. Todo o mundo perde, a começar pelo bolsista. Eu não culpo, nem desmereço quem recebe, mas sim quem manipula ou apoia a manipulação. Eu só confiaria minimamente no governo e na parolagem do Bolsa-Família se os beneficiados fossem impedidos de votar. Acaso tem real liberdade e autêntica autonomia para votar quem recebe dinheiro do governo? Não se trata de elitismo, mas de por as coisas nos devidos lugares.


Nunca a ideia de Platão sobre a estrutura política da sociedade se fez tão necessária como no Brasil de hoje.

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