domingo, 17 de agosto de 2014

A segregação não interfere no progresso intelectual do aluno; antes, auxilia. E o Colégio São Bento provou isto no ENEM.


Por Evelyn Mayer

No ano de 2011, pela quarta vez consecutiva, o colégio fluminense São Bento conquistou o primeiro lugar no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). A prova é aplicada pelo Ministério da Educação com o intuito de avaliar o desempenho de estudantes da rede pública e privada em todo o país, bem como, por esta avaliação, ajudar os estudantes a ingressarem em faculdades por meio de bolsas de estudos, também estas criadas pelo Governo Federal.

Contudo, o colégio foi alvo de críticas. A professora da Universidade de São Paulo (USP) Cláudia Vianna, especialista em gênero e educação, afirmou que "não é possível desenvolver a personalidade integral do aluno onde há segregação". Pensamento como este também se aplica ao defender a não-aplicação do método “Homescholling” (ensino doméstico) em que os pais dedicam-se em educar os filhos, ensinando-lhes as disciplinas próprias em um ensino regular, só que em casa. Ou seja: os pais passam a ser os professores e ensinam aos filhos conforme suas próprias ideologias e concepções sobre as disciplinas.

Discordo em muito da afirmação da professora Vianna por um motivo muito simples: sua afirmação é falaciosa!

Em entrevista à Revista Exame (veja aqui: http://exame.abril.com.br/economia/brasil/noticias/primeiro-colocado-do-enem-remete-ao-seculo-19-diz-professora-da-usp), Vianna alegou: “É muito complicado dizer que a segregação garante qualidade. Vivemos num mundo misto que aliás, mostra que as meninas têm mais sucesso que os meninos. Que desenvolvimento é esse que só dá certo quando eu separo? Qual a mensagem que você passa? Como se propõe a prepará-los para o mundo que é misto? Que principio é esse que não trabalha com o heterogêneo?", questionou.” Avaliando estas afirmações, nota-se que a professora Vianna não é clara com o que diz. Ou – pior! – não leu a própria entrevista que deu.

O Colégio São Bento está, pela quarta vez consecutiva, em primeiro lugar no resultado do ENEM. A metodologia do colégio não está embasada no Anarquismo, no Positivismo, nas ideologias Freirianas ou Boffianas; ao contrário: o colégio baseia-se numa educação católica, onde a qualidade não está na interação entre meninos e meninas, mas sim, em que o menino seja formado em sua integralidade. É até injusto ver a professora dizer que a metodologia é do século XIX, haja vista a educação  em que meninos e meninas interagem é “recente”. Se você questionar os seus pais – ou, talvez, os seus avós – se surpreenderão ao ver que muitos deles estudaram em escolas cujas metodologias eram de alunos separados conforme o gênero. A qualidade ou adequação ao mundo misto ficou prejudicada por isso? Você, conhecendo seus pais e avós, comungaria da afirmação da professora Vianna? Minha mãe estudou nesta metodologia e não teve nenhum problema em socializar-se com meninos, muito menos ficou prejudicada em sua feminilidade. Minha irmã estudou em um colégio de freiras no final do século XX e também não obteve problema algum de interação ou formação integral.

Pensar que a segregação impede a qualidade é o mesmo que dizer que meninos e meninas dependem um dos outros para aprenderem. Ora, isso não é verdade, afinal, meninos e meninas criam seus primeiros referenciais em casa: pai, mãe, avó, tio, irmãos... logo, ela não precisa necessariamente da escola para socializar-se. Ao contrário: indo à escola, a criança leva consigo sua noção de socialização, vivida primeiramente em casa.

A professora cita que neste mundo misto em que vivemos, as meninas têm mais sucesso que os meninos. Fica vaga esta afirmação, já que a professora não mostra em qual contexto ela se aplica. Quais são as pesquisas que afirmam ou teorizam esta ‘verdade’? Contrapondo o argumento da professora da USP, a Universidade de Otago comparou o desempenho escolar de mais de 900 meninos e meninas no ensino médio de escolas mistas e separadas na Nova Zelândia (ver aqui: http://www.ogalileo.com.br/noticias/nacional/meninos-tem-nota-melhor-se-nao-estudam-com-meninas-mostra-pesquisa). Conforme a pesquisa, quando os alunos estudam em uma escola em que todos os alunos possuem o mesmo gênero, as chances de competirem justamente são maiores. E por quê? Porque os meninos tendem, principalmente na adolescência – graças aos hormônios! – a não se concentrarem nas aulas, perdendo o tempo ‘analisando’ as colegas de classe. Quando estão em uma sala onde só há meninos, conseguem concentrar-se melhor nos estudos.

Se levarmos em conta o que Vianna propõe, o sucesso das meninas de hoje não está em sua capacidade intelectual, mas pela efervescência masculina. Seria isso justo?

 

Observando o que propõe a pesquisa da Universidade de Otago, separando dá-se aos alunos de ambos os sexos o privilégio e a oportunidade de um aprendizado mais concentrado nas disciplinas, no conhecimento; a escola e os professores conseguem preparar devidamente seus alunos, seja na formação humana quanto na profissional e intelectual. A mensagem que se passa é a de que o aluno entende que lá ele está para aprender e não para namorar, sabotar ou exibir-se.


Falaciosa também é a afirmação de Vianna que o colégio São Bento prima tão somente pela heterogeneidade. Na própria entrevista a coordenadora do mesmo (ou seja, uma mulher!) menciona sobre os benefícios de uma educação segregada. O colégio também conta com algumas professoras. Isso não é convívio com o universo feminino?


O que talvez falte à professora da USP é compreender o que a Universidade de Otago já o fez: a segregação auxilia no processo de ensino-aprendizagem. Ganham todos: meninos, meninas, professores (as), sociedade. Ponto a mais para a Igreja Católica, que com tanta eloquência vem há séculos lutando por uma educação de qualidade. Qualidade esta que não se aplica em teorias modernas, mas sem consistência. Antes, sua metodologia é a formação do ser humano em sua tridimensionalidade. Esta sim é uma metodologia que ultrapassa qualquer teoria pautada em revolução.

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