quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Divagando sobre o sofrimento. Segunda parte.

Por Emanuel Jr.

O amor como protecionismo. Parece que uma enorme gama de pessoas só consegue entender o amor assim: protecionismo.

Existe uma grande diferença entre protecionismo e proteção. Proteger é o ato simples de agir de forma a trazer a outro um caminho que será melhor a ele. Muitas vezes esse caminho não é o que ele gostaria que fosse, mas é o melhor. É o que acontece com o pai ou mãe que coloca o filho de castigo ou mesmo dá aquela palmada pra corrigir. Eu desconheço o filho que considera isso proteção, mas inegavelmente é.

Ai está o ponto diferencial: quando se protege as vezes é preciso usar do sofrimento para que essa proteção se torne o melhor caminho para a pessoa protegida. Quando se usa de protecionismo apenas se quer um bem-estar imediato que nem sempre refletirá em crescimento futuro, embora irradie uma impressão de vantagem instantânea.

Quando você protege demais essa ou aquela pessoa, está fazendo justamente o contrário do que o amor exige. Quando você protege demais, acaba deixando a pessoa despreparada para as dificuldades que há de aparecer à frente. Resultado? Maior sofrimento em um futuro muito próximo, com o diferencial de que haverá de sofrer sem ter culpa alguma, já que quem deveria ensinar, mesmo que com algum sofrimento, não o fez.

Eis o motivo pelo qual Deus impõe certo sofrimento a cada um de nós. Deus age como protetor e não com protecionismo. Deus pretende que sejamos maduros o suficiente, já que o merecimento maior que podemos alcançar por aqui é justamente a salvação eterna. Não é possível alcançar a salvação eterna, estado de plena graça e justiça, sem merecimento.

O sofrimento faz parte desse merecimento. Faz parte desse crescimento. Entender que é preciso sofrer pra aprender certas coisas é um avanço. Entender que é preciso sofrer para aprender a ser imagem e semelhança de Deus, é uma dádiva. Entender que o sofrimento nos purifica para estarmos cada vez mais próximos de Deus, fazendo parte do projeto salvífico para nós planejado, é o início do céu aqui mesmo na terra.

Cristo não precisava sofrer, é Deus, não tem pecados, não tem imperfeições, não tem o que e nem com o que aprender. É perfeito, é coerente, é pleno amor, é único. Seu sofrimento aconteceu pelo simples fato de que a vontade do homem de tomar o lugar de Deus, motivo que é raiz de todo pecado, é tão grande que apenas o sofrimento do próprio Deus, Seu sangue derramado, é que poderia redimir tamanha audácia da humanidade.

Deus Se entregou inteiro em sofrimento por amor. Entregou não só o seu sofrimento, mas todo o Seu sangue, até a última gota. A entrega do sofrimento de toda a humanidade não seria suficiente para abrir o caminho para a redenção dos erros por nós cometidos. Não foi no dilúvio, não seria em momento algum. Era preciso o sangue do próprio Deus. 

Fazer somo Cristo e entender e querer o sofrimento sincero pra sim em prol de outros é não só um gesto de alteridade magnífico, mas também é nos fazermos imagem e semelhança de Deus que assim agiu para nossa salvação. É nos aproximarmos Dele antecipando o que pretendemos um dia ter junto a Ele, a eternidade.

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