quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

São Pedro.

Por Igson Mendes.

No evangelho, com exceção de alguns episódios, os relatos em que Pedro aparece ocupam um lugar importante, tendo grande semelhança em Mateus, Marcos e Lucas, e mesmo de João. Entre as semelhanças e detalhes característicos de cada Evangelista ao relatar os episódios, temos como certo que não se chamava Pedro, mas Simão, em grego ou Simeão, em aramaico. Ao tomarmos como referência os quatro evangelhos, unânimes nesse ponto, esse nome lhe foi dado por Jesus. Era um novo nome, que até então parecia não ter sido dado a ninguém.

São Pedro.
Entretanto, os evangelistas situam em diferentes contextos a imposição desse nome por Jesus:

- em Mateus, é no momento da confissão de fé em Cesaréia (Mt 16,18);

- em Marcos e Lucas, tudo indica ser por ocasião da instituição do Doze (Mc 3,16; Lc 6,14). Porém é bom notar, desde o episódio da pesca milagrosa, ele já é tratado no Evangelho de Lucas, como Simão Pedro (Lc 5,8);

- em João, é no momento do primeiro encontro às margens do Rio Jordão (Jo1,42).

A diversidade de contextos em que se vê Jesus dar a Simão seu novo nome, ”Pedro”, indica que esse fato era bastante conhecido dos primeiros cristãos, mas que por alguns fatores, talvez se tenha esquecido sua circunstâncias exatas, conservando apenas o núcleo central do episódio, que é a clara mudança do nome de Simão para Pedro. O fato é que o cognome dado por Jesus a Simão se propagou na tradição oral impondo-se aos outros nomes. Nas cartas de Paulo, mais antigas que os evangelhos, a transcrição aramaica de “Pedro” – Cefas – tornar-se-ia a maneira habitual de designar o “primeiro” dos discípulos. Era conhecida a importância de Pedro e sua ligação privilegiada com Jesus nas primeiras comunidades Cristãs, já que sabia que a mudança de nome na Bíblia é sempre sinal de eleição divina.

Pelo fato de Simão ter grande relevância em alguns relatos e seu nome ser descrito por vezes de forma diferente, sendo que se faz referência à mesma pessoa, por parte de muitos surgiu uma confusão quanto ao nome, confusão esta que buscarei esclarecer mostrando o significado de cada nome.

Simeão? Simão? Pedro? Cefas?

Simeão era o nome aramaico daquele que Jesus chamará por “Pedro”. Encontramos esse cognome apenas na boca de Tiago, “o irmão do Senhor”, por ocasião da Assembleia de Jerusalém (At 15,14), e na segunda carta cuja autoria é atribuída a “Simão Pedro”, servo e apóstolo de Jesus Cristo” ( 2Pd 1,1).

Para uns, Simão seria a versão grega de Simeão; para outros, é um nome genuíno. Pedro é assim nomeado 46 vezes nos evangelhos e somente quatro vezes nos Atos dos Apóstolos (At 10-11).

Cefas é o “novo nome” dado por Jesus a Simão: ele vem do aramaico Kêphâ; é, na
origem, um nome comum que significa “pedra”, “rocha”. Ele aparece somente uma vez nos evangelhos (Jo 1,42), ao passo que se encontra 8 vezes nas cartas de Paulo (1 Cor 1,12; 3,22; 9,5; 15; 5; Gl 1,18; 2,9.11.14), sinal de seu uso frequente desde os primórdios da Igreja.

Pedro (Petros) é a tradução grega de Cefas. É a forma mais corrente nos evangelhos (95 vezes), nos Atos (56 vezes), em Paulo (2 vezes) e nos endereçamentos das epístolas de Pedro (2 vezes).

Simão Pedro: somente João utiliza correntemente esta dupla nomeação (17 vezes). Marcos jamais utiliza; Lucas e Mateus utilizam-se uma vez (Lc 5,8; Mt 16,16).


Em algumas vertentes protestantes, se diz que o nome atribuído a Simão Pedro (“Rocha”) é uma invenção criada por parta da Igreja Católica. Como percebemos, é perfeitamente coerente a exegese Católica quando ensina que Pedro recebe de Cristo um novo nome, em vista de uma missão cuja realização é acompanhada sempre de uma promessa que ultrapassa a pessoa a quem se a dá. No caso, a missão de Pedro e seus sucessores é firmar os filhos da Igreja na fé, como uma rocha que resiste a séculos de mudanças permanecendo firme sem ser abalada.

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