segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Dólares comprando consciências.

O filósofo espanhol Ortega y Gasset, 82 anos atrás, discerniu um fenômeno então novo: o culto à ignorância, que levou ao poder o fascismo e o comunismo, unidos no ódio à tradição e no culto ao vigor da juventude.

De lá para cá, este culto prosperou a olhos vistos: as emoções irrefletidas tornaram-se a base de todo juízo, e “irreverente” passou a ser um elogio. O sentido do casamento foi esquecido e substituído pela fixação no prazer sexual. O de justiça pela vingança, o de belo pelo de vendável, a religião por uma vaga sensação de bem-estar. Até mesmo a norma culta da língua deu lugar a uma relativização paternalista, em que tudo é “certo” porque alguém, em algum lugar, fala assim quando bebe um pouco demais.

Ao mesmo tempo, alguns grupos econômicos poderosíssimos aproveitam o vazio de homens e ideias para atacar ainda mais a ordem social. A mesma Fundação Ford, por exemplo, que tanto ajudou a campanha do Obama (o mesmo que agora comprou uma guerra com a Igreja ao exigir que os planos de saúde cubram o aborto), aqui no Brasil distribui dinheiro a mancheias para financiar as ONGs que militem contra a visibilidade da religião e a favor do aborto, da equiparação da união homossexual ao casamento, da legalização das drogas etc.

Com o discurso público re­­duzido a apelos emocionais e os dólares comprando consciências, o que se tem é a autodestruição da sociedade, de cima para baixo. Os governantes, de mantenedores da ordem, viraram paus-mandados de interesses estrangeiros, surfando nas emoções do eleitorado e aproveitando o emocionalismo reinante para fazer exatamente o oposto daquilo que a maioria da população gostaria que fosse feito. A mídia, dependente legal e financeiramente do governo (quantos milhões as emissoras de tevê ganham por dia para exibir comerciais estatais?), repete o mesmo discurso emocional, ajudando a esgarçar ainda mais o tecido social.

Alguma ordem persiste, mas apesar do governo, não por causa dele. Não fosse o saudável hábito brasileiro de guiar os atos pelos costumes, não pela lei, o país inteiro estaria mergulhado em convulsões sociais gravíssimas.


Como, contudo, o governo no Brasil é um domínio separado da realidade cotidiana, um castelo no ar que só entra em contato com o povo pelos impostos que cobra e serviços que não fornece, a destruição real não corresponde à desejada. Ainda há alguma ordem, e é ela que é preciso preservar para que nossos filhos possam viver em paz. De Brasília, nada de bom há de sair.

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